PAIXÃO DE AJURICABA

De Márcio Souza  
No vale do Rio Negro, entre o Amazonas e o Rio Branco, viveram outrora os orgulhosos índios da tribo Manau adoradores de Manari, o Bem, o qual lhes ordenava combater os invasores da floresta. Em 1723, após um período de apaziguamento, surge entre os Manaus um líder extraordinário, que novamente os leva a revolta. Esse líder é Ajuricaba filho do cacique Huiuiebeue, neto de Caboquena, dois dos maiores chefes Manaus. 
Conta-se que Ajuricaba herdara do avô a aversão pelos conquistadores. Quando seu pai aceita a paz dos brancos, abandona a tribo, retornando para chefiá-la quando Huiuiebeue é assassinado por um colono. Daí em diante, reúne em torno de seu nome a maior confederação de indígenas de que se tem notícia na história da Amazônia. 
Quando a notícia da revolta chega a Belém, todas as nações índias do Rio Negro já participavam da guerra, que durou cerca de quatro anos. Até que em 17327 Belchior Mendes Morais, chefiando uma “tropa de resgate”, nome dado às incursões de colonização de índios, consegue derrotar os confederados e aprisionar Ajuricaba, que morre ao ser atirado, acorrentado.

Província do Pará    - Belém, domingo 10 de dezembro de 1978